22 maio, 2012

Derrete o chumbo do céu

Nem sei de onde eu tirei essa ideia maluca, mas vez ou outra minhas maluquices tem um pouco de razão.
Prestei atenção nisso hoje de manhã: a morte e o céu nublado deve ter alguma relação. O motivo eu não sei, mas foi assim com a vovó Irene, foi assim com a Nina e seus bordados bonitos, foi assim com o Sr. Joaquim, que me dava doces todos os dias, além de um sorriso com poder de mudar o dia de qualquer um.
Parece estranho, mas quando alguém "vai embora" o céu muda completamente. As nuvens e os olhos ficam cheios d'água, o espaço entre uma nuvem e outra fica pequeno, e tudo parece apertado - O céu e o coração. O abraço e as mãos que parecem procurar um espaço que nelas não existem. Não mais...
Sempre achei a morte uma coisa bonita. Parece tranquila, aliviadora, que faz sumir toda a dor que a gente carrega no peito. A dor de "sobreviver", de suportar.
A vovó Irene tinha um jardim bonito, cheio de rosas abertas e beija-flores. Os dias estavam sempre ensolarados quando eu ia brincar no balanço do seu jardim.
Engraçado, ela nem se despediu de mim, nem do seu jardim. Mas o sol parece ter a acompanhado naquele dia.
Não faz sentido, mas essa falta de cor causa tristeza. Não faz sentido, mas é só o tempo fechar que meu coração parece se fechar ainda vazio.
O céu esta nublado hoje, mas a minha dor é outra. Acabou o iogurte da geladeira e o amor do mundo.



Um comentário:

Rafael Cruz disse...

Quando acaba o iogurte o céu morre e derrete. :\
Adorei teu post, Jo. Há dias que o céu cor de chumbo me trás melancolia e há dias que me faz sorrir. A vida é engraçada e a morte bonita. O vazio às vezes é não encontrar o aconchego de um abraço, mas às vezes é fome também. ;\